A indústria da construção tem sentido os impactos causados pela alta dos juros e os preços dos insumos, e por conta disso, as projeções para 2022 ainda são de um otimismo moderado. A própria expectativa do mercado mostra uma desaceleração do setor uma vez que o PIB (Produto Interno Bruto) da construção deve crescer 2% este ano, enquanto em 2021 subiu 8%.
A projeção é feita pela FGV (Fundação Getúlio Vargas) e pelo Sinduscon-SP (Sindicato da Indústria da Construção de São Paulo). O levantamento vai de encontro com as projeções da CBIC (Câmara Brasileira da Indústria da Construção) que também prevê um crescimento de 2% para o PIB setorial este ano.
Inclusive, o levantamento Desempenho Econômico da Indústria da Construção – primeiro trimestre de 2022, realizado pela CBIC mostra que a alta do preço dos insumos tem sido sentida por 46,7% das empresas que atuam na indústria da construção. Este percentual é o mais alto registrado desde o primeiro trimestre de 2015.
As consequências das taxas elevadas de juros na indústria da construção
O levantamento também apontou que a taxa de juros elevada tem impactado o setor de construção civil. O problema foi apontado por 26,7% dos entrevistados. Este foi o maior patamar desde o segundo trimestre de 2017, que era de 27,9%
Segundo cálculos feitos pelo Sinduscon/FGV, há um ano o brasileiro conseguia contratar um financiamento de R$ 200 mil para comprar a casa própria como juros de 6,25% ao ano. Portanto, as famílias precisariam de uma renda mínima de R$ 5,2 mil e gerava uma parcela de R$ 1,5 mil.
Atualmente, o mesmo empréstimo tem taxa de 9% ao ano, o que exige uma renda de R$ 6,6 mil, ou seja 27% maior e parcelas de R$ 2 mil (crescimento de 33% no valor).
Cenários político e econômico também refletem na indústria da construção
O ano de 2022 também é marcado pelas eleições presidenciais que sempre geram um período de incertezas, principalmente pelo Brasil estar com um cenário tão polarizado atualmente.
Na outra ponta, a inflação generalizada inibiu o consumo das famílias brasileiras que vinham procurando materiais para reformas e pequenas obras residenciais, diminuindo a oferta e a demanda.
Portanto, especialistas afirmam que a retomada da atividade na construção civil está diretamente associada a um cenário macroeconômico mais favorável, porém, ainda está bastante instável por conta desse período pré-eleitoral.
A indústria da construção será sustentada por canteiro de obras
Diante da realidade, as projeções preveem que os canteiros de obras vão sustentar o PIB da indústria da construção em 2022, uma vez que as cidades que tiveram recordes de lançamentos em 2021 e 2020 começam suas obras de seis a nove meses depois, como é o caso do programa habitacional Casa Verde e Amarela.
Especialistas não acreditam que serão viabilizados novos contratos, especialmente com a taxa Selic acima dos 10%. Este ano o setor será sustentado pelo que já está contratado do programa.
Com mais canteiros de obras, mais crescem as compras de materiais e equipamentos, contratação de mão de obra e serviços que juntos engrossam o PIB setorial.
Além disso, há boas perspectivas para o segmento da construção pesada, voltada para obras de infraestrutura como novas concessões de rodovias, ferrovias, portos, aeroportos e saneamento. O mercado avalia que o pacote de leilões negociados em 2020 e 2021 possa gerar R$ 160,1 bilhões de investimentos para os próximos 4 anos.
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