O bioconcreto está revolucionando o mercado da construção civil por ser um material tão resistente quanto o concreto e que tem a capacidade de se regenerar sozinho, colocando fim a um dos grandes problemas de uma edificação: as rachaduras.
Essas fissuras podem aparecer por diferentes razões, seja por desgaste do material, perda de sua resistência, uso inadequado, presença de grande sobrecarga ou falta de manutenção. Além disso, pode ocorrer desastres como incêndio, colisão e explosão, por exemplo, que também contribuem para falhas estruturais.
Independentemente dos motivos, as rachaduras sempre foram um dilema para engenheiros, mestres de obras e todos os profissionais envolvidos em projetos de edificação. Mas com a chegada do bioconcreto no mercado este problema pode chegar ao fim.
Fissuras, trincas ou rachaduras? Entenda os tipos de falhas estruturais
Antes de falarmos mais sobre o bioconcreto, precisamos entender quais são os tipos de falhas estruturais em uma edificação.
De maneira geral, fissuras, trincas e rachaduras são as mesmas coisas, ou seja, aberturas alongadas que se estendem pela parede ou em partes estruturais da construção. O que vai diferenciar uma da outra são o tamanho e o tempo de vida dessa abertura.
As fissuras são o primeiro estágio de uma falha estrutural. As aberturas geralmente são mais finas, de até 1 milímetro, e alongadas. Já as trincas são uma sequência das fissuras, e ocorrem quando essa abertura aumenta de 1 para 3 milímetros. Esse tipo de abertura chega a dividir a estrutura.
Por fim, as rachaduras são identificadas por aberturas acima de 3 milímetros permitindo, inclusive, a passagem de vento e água da chuva, por exemplo.
Independente do tipo de “patologia” o fato é que se não for tratada, essa abertura pode comprometer a estrutura da construção e consequentemente a segurança dos seus habitantes.
Conhecendo o bioconcreto
Esse material foi desenvolvido por pesquisadores da Universidade de Tecnologia de Delft, na Holanda. O objetivo do estudo era encontrar soluções capazes de colocar um fim no processo de deterioração dos materiais expostos pelas ações da natureza ao longo dos anos. É por isso que o bioconcreto combina estudos de biologia com a engenharia civil.
Trata-se de uma revolução na construção civil justamente porque é uma solução para ação do tempo nas construções, já que tem a capacidade de regenerar suas próprias rachaduras. Embora o bioconcreto seja mais caro que o concreto comum, seu custo/benefício é muito maior quando avaliado em longo prazo, já que aumenta o tempo de vida dos empreendimentos.
Devido à sua capacidade de autoconsertar, o bioconcreto ainda contribui para a economia de uma edificação, já que reduz gastos com mão de obra e manutenção.
Como o bioconcreto funciona?
Para entender como o bioconcreto funciona é necessário saber como ele foi desenvolvido pelos pesquisadores. O material é uma combinação do concreto comum e de colônias da bactéria Bacillus pseudofirmus – que são resistentes e capazes de sobreviver em condições difíceis, sem oxigênio.
Geralmente essas bactérias são encontradas em áreas inabitáveis como crateras de vulcões ativos e lagos congelados na Rússia. Além disso, elas conseguem viver mais de 200 anos em ambientes com o pH alto, como é o caso do concreto.
Em contato com o material, os microrganismos são ativados por detectar a presença de umidade no ambiente – exatamente o que acontece quando as rachaduras aparecem, já que deixam a estrutura interna exposta, portanto, a bactéria contribui para um tempo de vida maior nas construções, uma vez que vive em estado latente até ser estimulada a iniciar o trabalho de regeneração da estrutura.
Essa regeneração acontece porque o microrganismo consome o lactato de cálcio utilizado na mistura do concreto e libera calcário na digestão, que ocupa o espaço aberto no concreto.
Dois aditivos são utilizados para a produção do bioconcreto: os esporos do bacillus e nutrientes de lactato de cálcio, que são adicionados separadamente em grãos de argila expandida.
Algumas vantagens do bioconcreto
Como vimos até aqui, o bioconcreto está revolucionando a construção civil por ter uma série de vantagens, dentre elas, é possível destacar:
- Economia – uma das principais vantagens desse material, que por se regenerar sozinho, poupa a manutenção e consequentemente a contratação de mão de obra, compra de materiais e etc.
- Segurança – as falhas estruturais, além de gerarem gastos extras, também dão insegurança para qualquer edificação, portanto, saber que a obra foi feita com um material que se autoconserta aumenta a sensação de segurança.
- Sustentável – por fim, o bioconcreto é um material que contribui para o meio ambiente, já que é capaz de reduzir as emissões de carbono que são emitidas durante o processo de produção do concreto.
Veja onde o bioconcreto está sendo testado
Algumas construções pelo mundo já contam com o uso do bioconcreto, uma delas está localizada na Holanda onde uma obra foi totalmente feita com esse material. A edificação segue sendo monitorada pelos pesquisadores a cada dois anos.
Trata-se de uma estação de salva-vidas de um lago que mostra a eficiência do bioconcreto, pois a edificação fica exposta a condições extremas, com alta incidência solar e presença contínua de água. A obra segue vedada desde a construção.
Com tantas vantagens, o bioconcreto se torna um material mais caro e por isso é mais indicado para estruturas subaquáticas ou no subsolo – ambientes que têm mais chance de vazamento ou corrosão.
Por ter um valor mais elevado, a sua implementação na construção civil é um dos desafios, mas é importante considerar a economia que o material gera com mão de obra e manutenção a longo prazo se comparado com o concreto comum.
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